quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Eliomar 50.000

Rio, 26 de agosto de 2008.

Nepotismo, não!
Eliomar entrou hoje na Câmara Municipal com projeto de decreto legislativo para sustar o decreto do prefeito, publicado ontem no Diário Oficial do Município, que nomeia sua irmã, Ana Maria Maia, para o cargo de secretária Especial de Eventos. Cesar Maia se utilizou desse artifício para tentar driblar a decisão do Supremo Tribunal Federal que proíbe a prática de nepotismo nos três poderes, já que a medida exclui os ocupantes de cargos políticos, como o secretariado. No entanto, no momento em que o país dá um importante passo em direção à moralização do serviço público, não podemos admitir que o prefeito da cidade do Rio de Janeiro insista em manter esse tipo de favoritismo.
Atividades de campanha no final de semana
Neste sábado, às 10h, Eliomar estará em atividade de campanha na Cacuia, na Ilha do Governador, em frente ao supermercado Mundial. Mais tarde, às 17h, participará de ato da Associação de Moradores de Santa Teresa contra a privatização do bondinho, no Largo dos Guimarães.
No domingo, às 9h, Eliomar irá à Quinta da Boa Vista. Depois acompanhará a caminhada do nosso candidato à Prefeitura do Rio, Chico Alencar, em Ipanema – ponto de encontro às 14h no Arpoador.
Agenda fixa de campanha
Clique aqui para conferir os dias, locais e horários da agenda fixa da campanha. Conheça também a agenda das panfletagens nas escolas e universidades e participe!
25 de julho - Dia Municipal da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha
Foi aprovado projeto de lei de autoria do Eliomar que institui e inclui no calendário oficial do Município o dia 25 de julho como Dia Municipal da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino-Americana e Afro-Caribenha, em Santo Domingo, definiu-se que este dia seria o marco internacional da luta e resistência da Mulher Negra. Desde então, vários setores da sociedade têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data tendo em conta a condição de opressão de gênero, raça e etnia vivida pelas mulheres latino-americanas e caribenhas. O objetivo é marcar esta luta e a garantir o debate de temáticas voltadas para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdade raciais e sociais nas políticas públicas municipais.
Chico quer participação popular na discussão do Plano Diretor
Em debate realizado no sábado passado pela FAM-RIO, Chico Alencar afirmou que, se eleito, vai fazer um novo Plano Diretor Decenal para a cidade, com a participação da população em todas as etapas, desde o diagnóstico até a elaboração do projeto de lei, para posterior aprovação pela Câmara dos Vereadores. A proposta do novo Plano Diretor, na visão de Chico, garantirá instrumentos jurídicos urbanísticos que vão assegurar a função social da propriedade. Incluirá propostas como o parcelamento e edificação compulsórios, o IPTU progressivo, a criação de áreas de especial interesse (AIES) e o solo criado.

Leia a notícia completa sobre o debate no site da campanha Chico 50

Entrevista do Chico no RJTV
Assista aqui à entrevista concedida pelo Chico ao RJTV no dia 18 de agosto. Clique aqui e veja como foi a participação do Chico no Chat do RJTV, em que respondeu às perguntas de internautas.

E na Rádio CBN
Clique aqui para ouvir a entrevista concedida por Chico, no dia 14 de agosto, à rádio CBN-Rio, no programa apresentado pelo jornalista Sidney Rezende.

Chico participa de debate na Uerj
Chico participa amanhã, às 19h, de debate com os candidatos a prefeito promovido pelo DCE da Uerj, no auditório 13 do campus do Maracanã. O Comitê Chico 50 da Uerj, lançado hoje à tarde, fará panfletagem antes do evento.

Cultura é importante mecanismo de inclusão social
A Cultura desempenha papel central na história de nossa cidade. Reconhecer este lugar de destaque é fundamental para compreender as peculiaridades da vida carioca. As manifestações culturais representam não apenas uma forma de expressão artística, uma maneira de ser da nossa gente. São, também, importante mecanismo de inclusão social. Por esta razão, já há algum tempo, temos dado importante destaque à questão cultural nas atividades de nosso mandato.

Entre as diversas ações e leis do nosso mandato referentes à cultura, vale destacar:
  • Autor da Lei 4492/07, que cria o Conselho Municipal de Cultura. Por meio desta lei, o Rio ganhou um espaço institucional para que artistas e cidadãos possam debater políticas públicas para o setor.
  • Criou o Fundo Municipal de Cultura.
  • Deu o nome de Beco das Garrafas ao lendário cantinho de na Rua Duvivier, em Copacabana, que foi um dos locais onde a Bossa Nova surgiu.
  • Deu o nome de Praça Mário Lago ao lugar no Centro da cidade conhecido como Buraco do Lume.
  • Em 2007, no dia 24 de abril, em comemoração ao Dia Nacional do Choro, entregou moções de congratulações aos músicos e produtores ligados ao chorinho, gênero musical carioca por excelência.
  • Em 29 de novembro de 2006, em comemoração ao Dia Nacional do Samba, entregou moções de congratulações aos músicos e produtores que ajudaram a revitalizar a Lapa.
  • Em junho de 2008, entregou moção de congratulação ao Bloco Escravos da Mauá, pelos seus 15 anos e pelo seu importante papel na revitalização da Zona Portuária.
  • Concedeu a Medalha Pedro Ernesto à Escola Portátil de Música, ao ator Antônio Pedro, aos cineastas Hugo Carvana, Tetê Moraes e Nelson Pereira dos Santos.
Metas de atuação do mandato
  • Democratização do acesso aos bens culturais
  • Respeito à diversidade cultural
  • Lutar para garantir, no mínimo, 2% do orçamento municipal para a Cultura
  • Acompanhar a aplicação dos recursos públicos na área da Cultura
  • Dar apoio à revitalização da RioFilmes e da Rede de Teatros do Município
  • Acompanhar a implantação e funcionamento do Conselho Municipal de Cultura e do Fundo Municipal de Cultura
Conheça as outras propostas da candidatura Eliomar 50.000, clicando aqui.
Mapa da Exclusão Cultural
Clique aqui para conhecer o Mapa da Exclusão Cultural, estudo feito pelo mandato Eliomar que mostra o retrato de exclusão, elitização e concentração da cultura em nosso município.
Por que reeleger Eliomar
Atenção eleitor! Eliomar Coelho é o político que a gente precisa ter na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. É honesto, ágil e preciso.
Nelson Sargento – Compositor
Além de ser o mais combativo e corajoso vereador, eleger Eliomar é necessário para que o Rio de Janeiro continue a ter na Câmara um referencial de ética e luta por justiça social. Meu voto é dele!
Milton Temer – Jornalista
Clique aqui para conferir mais apoios à candidatura Eliomar 50.000.
A Dama do Encantado ganha teatro com seu nome no seu bairro
Nesta quarta-feira, 27 de agosto, às 19h, será inaugurado o Espaço Cultural Aracy de Almeida, um teatro com programação quinzenal e gratuita. É uma parceria do Centro Popular de Cultura Aracy de Almeida com a Arte Nova Produções e a União dos Cegos no Brasil/UCB, que cede o seu auditório para esta iniciativa. Na ocasião, será apresentado o pocket show "Aracy de Bolso", com Gil Miranda, Agenor de Oliveira e Marcelo Maciel. Na Rua Clarimundo de Melo, 216, Encantado. Contatos pelo e-mail
cpcaracy@yahoo.com.br.

Agenda
27/08- quarta-feira
18h30
Reunião do Fórum Popular do Plano Diretor no auditório do Sindicato dos Metroviários, Av Rio Branco, 277/4º andar, Cinelândia.
19h
Chico Alencar participa de debate entre os candidatos a prefeito promovido pelo DCE da Uerj no auditório 13 do campus Maracanã.
19h
Inauguração do Espaço Cultural Aracy de Almeida. Rua Clarimundo de Melo, 216, Encantado.
29/08- sexta-feira
13h
Eliomar, Marcelo Freixo e Chico Alencar estarão na Praça Mário Lago (Buraco do Lume), para conversar com a população sobre os temas em pauta e prestar contas de seus mandatos.
de 22 às 0h
Toda sexta, banquinha da juventude do PSOL na Lapa, na Travessa do Mosqueira.
30/08- sábado
10h
Eliomar estará na Cacuia, na Ilha do Governador.
17h
Eliomar participa de ato pelo bondinho de Santa Teresa, no Largo dos Guimarães.
22h
Pati Oliveira anima a noite do Bar da Ladeira. Rua Evaristo da Veiga, 149, Lapa. Para conhecer a jovem cantora, visite www.myspace.com/patioli.
31/08- domingo
9h
Eliomar irá à Quinta da Boa Vista.
14h
Eliomar acompanhará a caminhada de Chico Alencar em Ipanema, com ponto de encontro no Arpoador.
Eliomar Vereador 2008
PSOL/RJ
campanha@eliomar50000.can.br
www.eliomar50000.can.br
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domingo, 24 de agosto de 2008

Agenda do Eliomar Imprimir E-mail
Qua, 20 de agosto de 2008 18:19

Veja abaixo aonde a campanha do Eliomar estará esta semana, até quarta-feira, dia 27/08.

Segunda-feira - 25/08 - 07:00h. Hospital Geral de Bonsucesso; 10:00h. Centro; 18:30h. Plenária de campanha no SINDSPREV

Terça-feira - 26/08 - 10:00h. Centro

Quarta-feira - 27/08 - 10:00h. Centro; 18:30h. Reunião com militantes no SINDSPREV

Entre nessa campanha e ajude a reeleger nosso bravo vereador!!!!

sábado, 23 de agosto de 2008

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Entrevista Chico Alencar no RJTV

RJTV - Um documento dos compromissos de sua coligação fala em apoiar a luta dos que não tem terra e não tem teto. O P-SOL defende o Movimento dos Sem Terra (MST). O senhor é a favor de invasões de terra e de prédios públicos por esses grupos?

Chico Alencar – Não. Nós defendemos o movimento social, o clamor do povo pelos seus direitos elementares: a terra e a moradia. Nós defendemos, por exemplo, em uma cidade como o Rio de Janeiro, um programa de habitação popular. É absurdo que, nos últimos anos, nós não tenhamos tido essa iniciativa do governo e da prefeitura. Nós precisamos de, pelo menos, 100 mil moradias populares. E há terrenos baldios, ociosos e imóveis fechados - mais de 5 mil no Centro -, que exigem essa iniciativa.

Por falta de moradias, no caso de uma favela que está surgindo, qual é a sua atitude? O senhor remove as pessoas ou o senhor deixa as pessoas lá e, depois, urbaniza a favela?
A favela é uma solução, em geral, de má qualidade para um problema crônico que é o da falta de habitação popular. Os governos, sucessivamente, ao longo das décadas, têm sido omissos quanto a isso. Por isso, a gente tem esses problemas que são, essencialmente, problemas sociais.

Mas remove ou deixa uma favela que está começando a surgir?

Não. Se a favela não estiver em uma área de risco ou de proteção ambiental, é claro que vamos estudar a condição do terreno de habitabilidade. Ou você oferece uma alternativa concreta e efetiva para os que precisam de um teto, porque não ter onde morar é terrível, ou você tem que se adaptar àquela realidade. Às vezes, é o povo que pressiona a autoridade a agir.

O senhor defende uma maior participação da população nas decisões da prefeitura. Como seria esse tipo de ação e que atitudes e questões seriam submetidas aos cidadãos?

A manutenção da cidade no dia-a-dia em relação à luz, à pavimentação, aguarda a orientação cidadã em cada região administrativa. E são 33 regiões administrativas. Nós queremos um conselho popular com o povo participando, podendo reclamar não apenas pelo telefone, ou com alguém, sem ter resultado, mas participando e cobrando. Nós queremos um governo pressionado. Isso é fundamental.

Vamos falar de saúde. O senhor disse que vai abrir emergências 24 horas em postos de saúde nas áreas mais pobres. Por onde o senhor começa e, ao fim do primeiro ano, quantas estariam funcionando?

Nós pretendemos começar pela Zona Oeste, pelas áreas próximas, inclusive, a comunidades faveladas, onde a demanda é muito maior. Nós entendemos que as 175 unidades de saúde do Rio de Janeiro, que é uma cobertura concreta ampla, precisam estar sempre preparadas para o atendimento emergencial. Inclusive, não adianta ter emergências sem equipamentos, pessoal e recursos.

Hoje, só cinco postos funcionam 24 horas e esses cinco custam três vezes mais para manutenção do que em um posto comum. Quantos postos seriam e quantos o senhor pode abrir?

Nós pretendemos, a cada ano, abrir mais 10 postos pelo menos. E mais: subir a verba da saúde dos atuais 16% para 20%. E os recursos vão sair de onde? O gabinete do prefeito, por exemplo, tem 9% de recursos. Eu entendo que saúde pública é mais importante do que recursos ao bel prazer do prefeito.

Na educação, o senhor disse que quer menos alunos por turma, pois as turmas estão cheias. Serão necessários mais professores e mais escolas. Quantas escolas seriam e quanto vai custar um projeto desses?

É a minha paixão. Um prefeito-professor sabe que os recursos para a educação têm que ser integralmente aplicados. São 25% da verba. Nós estamos questionando na Justiça Federal esses recursos. Eles não têm vindo nessa quantidade. Nós queremos discutir, inclusive, um plano de carreiras com o pessoal da educação e acabar com a aprovação automática.

E quantas escolas vocês pretendem abrir?

Nós temos 1.061 escolas. Pretendemos abrir 300 escolas por ano, reduzir as turmas e ampliar o horário dentro da escola.

É muita escola. Tem que ter muito orçamento.

Tem que ter muita prioridade.

Vamos falar de segurança. A segurança é uma atribuição do estado, mas o senhor poderia dizer de que maneira o prefeito pode ajudar a combater a violência?

Como braço social. Violência não é só caso de polícias. É caso de política de creche, de cultura e de oportunidade para o jovem, que, muitas vezes, está no limiar da criminalidade por falta de chance. O prefeito tem que participar do gabinete integrado de segurança pública, com o Plano Nacional de Segurança com Cidadania e com o governo do estado. Aí, vamos evitar essa mortandade: polícia que mais mata, polícia que mais morre e segurança que não aparece.

fonte : http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL728405-9099,00-AS+PROPOSTAS+DOS+CANDIDATOS+PARA+O+RIO+CHICO+ALENCAR+PSOL.html

domingo, 17 de agosto de 2008

Um terço dos candidatos cariocas responde por agressão à mulher


Um em cada três candidatos cariocas responde a pelo menos uma ação por crime de violência contra a mulher, segundo levantamento do Ministério Público Eleitoral. A pesquisa também detectou que 40% dos candidatos a prefeito e vereador, pelo menos, possuem registros em sua ficha criminal.
Benedita da Silva, ex-ministra de Assistência Social e chefe da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, ficou surpresa com a notícia.
"Esse dado é assustador. Afinal, estamos falando de pessoas que vão representar o povo. É lamentável que ainda tenhamos um número tão grande de homens comprometidos com este tipo de violência", afirmou.
A diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher (DPAM), delegada Inamara Pereira, também se assustou com os números.
"Como políticos, esses homens deveriam dar exemplo. Deveriam ser pessoas íntegras, e os exemplos de integridade devem começar dentro de casa", destacou. Segundo ela, "os dados mostram que a violência contra a mulher é a prática criminal mais democrática de todas, porque atinge cidadãs de todas as classes sociais, sem distinção", disse.
O Rio de Janeiro ocupa a sétima posição no ranking de chamadas para a Central de Atendimento à Mulher. Distrito Federal está na primeira posição, com 132,8 atendimentos para cada 50 mil mulheres, São Paulo aparece em segundo lugar, com 96,4. Pará aparece logo depois, com 79,5 chamados. O Rio de Janeiro fica em sétimo lugar entre os 27 estados brasileiros, com 65,4 ligações para cada 50 mil mulheres. Já o Piauí (5,8 atendimentos para cada 50 mil mulheres), o Acre (21,5) e o Maranhão (22) têm menos denúncias.
De acordo com pesquisa feita pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), em todo o País, o número de atendimentos a mulheres vítimas de agressão dobrou no primeiro semestre de 2008 em relação ao mesmo período de 2007.
Segundo a Central de Atendimento à Mulher (telefone 180), de janeiro a junho foram registrados 121.891 atendimentos, contra 58.417 em 2007 ? um aumento de 107,9%.

sábado, 16 de agosto de 2008

COMPANHEIRO,
Sua presença é fundamental!

Eliomar 50.000

Rio, 15 de agosto de 2008.

18/08 - Plenária da campanha Eliomar 50.000
Nesta segunda-feira, dia 18 de agosto, promoveremos nossa plenária de campanha para discutirmos qual será nossa atuação até as eleições. No auditório do Sindsprev, às 18h30, Rua Joaquim Silva, 98-A, Lapa. Só com o envolvimento de todos conseguiremos chegar à vitória. E cada um é peça fundamental. Contamos com você!



quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Lei Maria da Penha: alguns elementos para reflexão

Introdução

A violência contra as mulheres é um dos problemas sociais (de gênero) que ocupa maior espaço na agenda dos movimentos feministas. Isto tem a ver com o elevado índice de espancamentos e de morte de mulheres vítimas de um tipo de violência que é fruto de uma organização social que subordina as mulheres e desvaloriza o que é feito por elas.
Dados de 2004 mostram que 2 milhões de mulheres são espancadas a cada ano por maridos ou namorados, atuais e antigos. E dados mais recentes evidenciam que a cada 15 segundos uma mulher é agredida. Em Pernambuco, de janeiro a junho de 2006, cerca de 170 mulheres foram assassinadas. No Distrito Federal em duas semanas 07 (sete) mulheres foram assassinadas, correspondendo 1 (uma) morte a cada 2 dias.
Frente a essa contextualidade, as mulheres têm unido forças no sentido de mobilizar o Estado e a sociedade para enfrentar o fenômeno da violência contra as mulheres entendendo-a enquanto uma violação dos direitos humanos.
Parece existir um consenso acerca da necessidade de políticas públicas ou “políticas focalizadas” de combate à violência contra as mulheres, como as Delegacias Especiais, as Casas Abrigos, os Centros de Referencias e a Lei Maria da Penha (Lei 11.340).
Porém, existem grandes divergências sobre o conteúdo destas políticas e sobre a forma como as mesmas vem sendo implementadas pelos governos. Entre as políticas mais polêmicas, destaca-se a Lei Maria da Penha. Não existem consensos sobre a mesma nem entre as feministas e nem no interior dos partidos.
Heleieth Saffioti, socióloga marxista, é uma das feministas que vem se posicionando contraria a Lei Maria da Penha. Vejamos um trecho da entrevista publicada em A Gazeta de Cuiabá (MT), em 28/11/07:
A Gazeta - Porque a senhora é contrária a Lei Maria da Penha?

Heleieth - Me aponte um prisioneiro que tenha saído melhor da cadeia do que quando entrou. A cadeia é uma escola de pós-graduação para o crime. Não queremos a igualdade social com os homens? Nós não queremos mandar nos homens e tampouco que o mando masculino continue. Se eu proponho a reeducação da vítima e do agressor estou muito mais no caminho da igualdade do que se eu botar o cidadão na cadeia. Essa minha idéia de ressocializar a mulher e o homem é muito mais antiga que a Lei Maria da Penha e me incomodava demais ter serviço de atendimento apenas para as mulheres e não para os homens e aí eu falava muito nisso e escrevia.

A Gazeta - A senhora acha que penas mais duras não coibem a prática de crimes?

Heleieth - Se fosse assim nos Estados Unidos, os estados que têm a pena de morte seriam os que apresentariam os índices de criminalidade mais baixos, entretanto não é assim. E não há uma correlação positiva entre maior criminalidade e penas mais duras, como não há o inverso também.

Enquanto no seu Programa o PSOL exige “cadeia aos agressores”, percebemos que no interior da nossa corrente não parece existir consensos acerca desta proposta. Nas listas de discussões da juventude e também em debates na Bahia, a questão vem sendo pautada, com questionamentos semelhantes ao de Saffioti, o que está bem sistematizado no texto “Lei Maria da Penha: avanços, retrocessos e limitações”.
Se por um lado concordamos com algumas criticas apontada sobre a Lei, por outro lado avaliamos como muito importante ter um instrumento que nos permita prevenir e coibir a violência contra as mulheres. Desta forma, nos perguntamos: Como nos posicionar? Defenderemos a Lei Maria da Penha ou a negaremos? Defenderemos a Lei, mas faremos algumas criticas? Se sim, quais? O problema está na lei ou na ênfase que frações dos movimentos feministas vêm dando a mesma? Este texto busca dar início a este debate.
A Lei 11.340 ou Lei Maria da Penha
Um dos casos de violência contra as mulheres que teve maior expressão política foi o de Maria da Penha Maia Fernandes, uma biofarmacêutica cearense, que aos 38 anos ficou paraplégica, devido a um tiro que levou nas costas, disparado por seu companheiro, o professor universitário Marco Antonio Heredia. Este cumpriu apenas 02 anos de prisão e após muita luta. O caso adquiriu repercussão internacional e Maria da Penha se tornou símbolo do movimento contra a violência doméstica e familiar!
Após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional a Lei Maria da Penha começou a vigorar em setembro de 2006. Esta lei cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres e compreende três ações que demanda compromisso governamental no sentido de destinar os recursos necessários para sua pela efetivação:
• apoio aos serviços especializados no atendimento às mulheres em situação de violência (centros de referência, casas abrigos etc);
• capacitação de profissionais para o atendimento às mulheres em situação de violência;
• Incentivo à formação e ao fortalecimento das redes de cidadania;

Para a implementação da Lei Maria da Penha, a União, os estados e municípios têm de compartilhar responsabilidades na criação de mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra as mulheres (art. 1º da Lei 11.340/06). E é impossível assumir estas responsabilidades sem novos recursos. Tanto que a própria Lei prevê que a União estabeleça dotações orçamentárias específicas em cada exercício financeiro para a implementação das medidas estabelecidas (art. 39 da Lei 11.340/06).

O Governo Lula e a Lei Maria da Penha
No primeiro dia em que a Lei entrou em vigor no país, as militantes feministas e dos movimentos de mulheres foram surpreendidas com a triste constatação de que o Projeto de Lei Orçamentária Anual para 2007 (PLOA-2007), encaminhado pelo Executivo ao Congresso Nacional, reduziu em 42% os recursos para o Programa de Combate à Violência contra as Mulheres, uma das principais fontes de financiamento da política nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres.
A proposta orçamentária do Governo Lula não previu um acréscimo substantivo de recursos para o enfrentamento da violência contra as mulheres, descumprindo a Lei. Para fazer valer as poucas conquistas alcançadas, os movimentos feministas têm que enfrentar o desafio de “fazer com que os recursos a serem alocados para as ações previstas nos próximos anos sejam, de fato, executados”, pois, segundo o Jornal do CFEMEA
“Mesmo depois do anúncio de todas as medidas de combate ao problema, a execução orçamentária do programa de Combate à Violência contra as Mulheres, que reúne as principais ações para colocar em prática a Lei Maria da Penha no âmbito do Executivo, chegou, a menos de um mês do fim do ano, a 56,68% do valor autorizado na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2007. No início de agosto, quando a execução chegava a apenas 6%, a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéia Freire, garantiu publicamente que os R$ 23 milhões previstos na LOA seriam todos executados.
Segundo informações da SPM, até 10 de dezembro, o orçamento liberado para movimentação e empenho para todas as suas atividades foi de R$ 26.681.396,00, incluindo as atividades de caráter administrativo. Para o programa de Combate à Violência contra a Mulher foram R$ 16.247.140. Desse total, 86,2% já haviam sido executados até a mesma data.

O Movimento Feminista, o Governo Lula e a Lei
Atualmente, em muitos estados brasileiros, o movimento de mulheres vem realizando a Vigília pelo Fim da Violência contra as Mulheres e divulgando a Lei Maria da Penha. Porém, muitas vezes, este espaço de mobilização e denúncia não toca na questão orçamentária. Esse silêncio de determinadas frações do movimento feminista faz parte dos acordos que buscam preservar a imagem do Governo Lula.
Frente à opção política do Governo Lula em não destinar recursos para que uma política realmente eficaz seja capaz de combater a violência contra as mulheres na suas raízes através de atividades educativas, algumas frações do movimento feminista brasileiro, partidário (PT, PCdoB, PMDB e PSB) e não partidário (ligados às ONGs) – base do Governo Lula – vem dando ênfase apenas ao aspecto punitivo da lei.
Mas, outros agrupamentos, vêm destacando a necessidade de desenvolver campanhas educativas, inclusive voltadas para os homens, por meio de palestras, leituras dirigidas. Alguns trabalhos desse tipo já foram utilizados na França, Estados Unidos, Costa Rica, México e de forma pontual nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul.
A APS/PSOL e a Lei Maria da Penha
Concordamos com Saffioti, quando defende que:
“As pessoas envolvidas na relação violenta devem ter o desejo de mudar. É por esta razão que não se acredita numa mudança radical de uma relação violenta quando se trabalha exclusivamente com a vítima. Sofrendo esta algumas mudanças, enquanto a outra parte permanece o que sempre foi, mantendo seus hábitos, a relação pode inclusive tornar-se mais violenta. Todos percebem que a vítima precisa de ajuda, mas poucos vêem esta necessidade no agressor. As duas partes precisam de auxílio para promover uma verdadeira transformação da relação violenta” (Heleieth Saffioti)

Por isso, avaliamos que a ênfase que o Programa do PSOL deu ao aspecto repressivo da violência contra as mulheres precisa ser discutida no interior do partido. Para tanto, temos que participar dos setoriais de mulheres já existentes em alguns Estados, fundar outros e criar espaços de debates e de formulação sobre esta e outras questões.
Dentro da nossa corrente temos que fazer o debate com os companheiros e companheiras porque consideramos que a adoção de uma lei integral é um importante instrumento para o enfrentamento da violência. É preciso tornar a Lei Maria da Penha e a questão da violência de gênero conhecidas por todos, formular sobre ambas e apoiar campanhas de combate à violência contra as mulheres, como a Campanha do Laço Branco.
SOBRE UM MANDATO SOCIALISTA

alguns aspectos

Genildo Batista
2ª versão


1. NOTA PRELIMINAR – Este texto representa um esboço de um documento que precisa ser mais amplo. Ele tem o sentido de ajudar nas reflexões, debates e deliberações acerca dos balizamentos gerais que devem nortear a ação de um parlamentar e mesmo de um mandato que se reivindique da luta revolucionária pelo socialismo, que devem ocorrer no âmbito da FS. Portanto, mais do que aberto, ele requer sugestões, retificações e críticas para que possa cumprir sua finalidade, que é a de ajudar firmar uma posição mais estruturada da nossa corrente sobre o que venha e o que deva ser uma ação conseqüente na institucionalidade.
2. Uma advertência, todavia, faz-se necessária: este escrito está fortemente marcado por sua origem – a sua versão inicial foi elaborada para colaborar com o mandato de um companheiro integrante do Coletivo Socialista Florestan Fernandes/SP, recém eleito vereador. Com isso, quer-se sublinhar que, no que se refere ao desenvolvimento de determinadas particularidades da relação tendência/mandato, ele pode apresentar mais insuficiências do que se fosse concebido sob outro escopo. Espera-se, todavia, que, a despeito disso, ele possa ser útil para @s camaradas da FS que atuam na institucionalidade.
3. A conquista de um mandato vertebrado pelo ideário do socialismo representa sempre um ganho político de uma proposta que, no presente contexto da luta de classes, deve se voltar para marcar e ampliar o campo da luta pelo socialismo – em nível municipal, regional, estadual ou federal. Em se tratando de mandato conquistado sob a bandeira do Partido dos Trabalhadores, considerando inclusive o atual momento da vida política nacional e da construção deste partido, configura o alargamento das possibilidades de ação e de legitimação social de uma vertente específica do PT: a sua ala denominada, genericamente, de esquerda. Isto é, aquela comprometida com o projeto de afirmar na sociedade brasileira um Partido Socialista, democrático e de massas – um partido de militantes e filiados, bem como instrumento privilegiado na luta dos oprimidos contra o capitalismo, na perspectiva de uma sociedade democrática, hegemonizada pelos trabalhadores, e fundada na partilha dos bens materiais e culturais socialmente produzidos.

OS SOCIALISTAS E A INSTITUCIONALIDADE

4. Como socialistas, sabemos a quem servem o Estado e a institucionalidade que organizam as relações e dominam a vida política em nosso país. Essa institucionalidade está longe de ser neutra. Apesar de, no mais das vezes, apresentar-se como se estivesse igualmente acima de todos e de todas, ela encerra um conteúdo em tudo e por tudo voltado para servir à dominação e aos interesses dos grandes proprietários, do capital, e mais especificamente, à predominância do capital financeiro, na atualidade. Isto é, tem um conteúdo de classe concreto.
5. O chamado poder legislativo é um dos elementos centrais dessa “engrenagem” da dominação burguesa. Nesse marco, não podemos perder de vista em nenhum momento que nossa ação, desde aí, deve estar a serviço da luta dos trabalhadores. Luta que passa pela desarticulação, pela superação desta e pela construção de uma outra institucionalidade. Esta outra, não mais voltada para viabilizar o domínio das minorias sobre as maiorias, mas para garantir uma democracia real, substantiva, que viabilize o exercício do poder pela maioria da sociedade.
6. Porém, mais do que isso, seja do ponto de vista programático, seja de uma ótica estratégica, os socialistas relacionam-se com tal institucionalidade e com a chamada democracia representativa – da qual o parlamento é a expressão mais clássica – sem fetichismo e sem ilusões. Por um lado, a compreendemos como uma construção historicamente marcada e drasticamente limitada pela supremacia política da burguesia e pelo predomínio dos oligopólios. Por isso sustentamos que só é possível o efetivo exercício da democracia fora desses condicionamentos.
7. Assim, no terreno programático, pugnamos por uma institucionalidade hegemonizada pelo exercício generalizado da democracia direta, e onde a prática da democracia representativa seja radicalmente reformada com, por exemplo: a instituição da revogabilidade dos mandatos; a implementação e generalização de mecanismos de controle cotidiano das ações dos representantes pelos representados; a extirpação dos instrumentos que viabilizam o controle do poder econômico e de monopólios sobre a prática política, utilização constante e ampliada dos institutos de consulta direta à população, como o plebiscito e o referendo etc. Por outro lado, se lutamos para superar essa institucionalidade (que, como vimos, é “encharcada” por todos os poros pela supremacia da burguesia e marcada pelo cretinismo, pelo oportunismo, pelo clientelismo, pelo assistencialismo etc.) não deixamos de perceber e de valorizá-la como uma conquista da humanidade e um avanço em relação a outras formas de dominação de classe que desfilaram na história. Sobretudo porque ela não é uma “dádiva”, tampouco uma simples “astúcia” da dominação burguesa; antes é resultado de prolongado (não raro violento) entrechoque de classes, onde os avanços nela inscritos decorrem, via de regra, da força da luta popular contra os interesses e o conservadorismo dos proprietários dos meios de produção.

DUAS POSIÇÕES EQUIVOCADAS

8. Mas, evidentemente, esta não é uma compreensão unânime e/ou pacífica no campo dos que se reivindicam do socialismo e da luta dos trabalhadores. Para fixar melhor a atitude que julgamos conseqüente com as exigências da luta revolucionária contra o capital, nos dias de hoje, em nosso país, distinguiremos, esquemática e genericamente, a seguir, dois campos de posição (igualmente equivocados) frente à institucionalidade presentes no meio socialista. O primeiro deles, referencia-se, grosso modo, nas posições adotadas pela Internacional Comunista, em seus momentos iniciais, e voltados para dar conta de uma conjuntura revolucionária, onde lutas agudas e mesmo insurreições pipocavam na Europa, e os revolucionários, na luta pela conquista do poder, contrapunham, como alternativa ao regime de parlamentarismo burguês, a construção de um novo Estado, fundado na democracia direta dos Conselhos de operários, soldados e camponeses. Esta posição trabalha, também, com uma idéia de Estado e da institucionalidade burguesa, grosso modo, como mera construção/manufatura das classes dominantes, onde a atuação do movimento socialista aí (se incontornável) deveria limitar-se a uma ação meramente negativa: denúncia da exploração e da opressão dos patrões, das ações dos burgueses, divulgação das plataformas de luta dos movimentos sociais, defesa das lutas dos trabalhadores, denúncia do próprio parlamento e do Estado burgueses etc.
9. Sob a ótica da posição acima, o trabalho institucional, de um ponto de vista autenticamente revolucionário, não colocaria tarefas estratégicas específicas. Tratar-se-ia de uma atividade meramente “tática”, inclusive no que isso tem de instrumental. Seria uma relação voltada apenas para “tirar proveito” de certas facilidades materiais e institucionais – prestígio social que poderia servir para emoldurar abaixo-assinados e autoridade para “dialogar” com representantes do Estado burguês e dos patrões, nos casos de conflito social etc. – que o parlamento oferece para colocá-las a serviço da luta dos trabalhadores. Obviamente, esta posição identifica, corretamente, a institucionalidade burguesa como um terreno que coloca severos problemas à ação dos socialistas e à luta dos trabalhadores, assim como é um espaço tendente a favorecer/estimular à cooptação dos socialistas etc., mas desses obstáculos, ela tira conclusões, no mais das vezes, puramente defensivas. É uma concepção que não trabalha com a noção de disputa de hegemonia e não percebe a luta no interior da institucionalidade burguesa como uma decorrência necessária e incontornável de uma ação que se pretenda revolucionária, hoje, numa sociedade com a complexidade da brasileira. Muito menos percebe a luta democrática como um elemento estratégico para os trabalhadores, rumo à conquista do poder, em termos de aprendizado político-cultural e de ocupação de trincheiras de luta pelos “debaixo”.
10. No outro extremo, estão as posições que, independentemente do discurso, tomam a democracia e a institucionalidade hegemonizadas pelo capital como a consumação da evolução política da humanidade. Assim, não consideram (ou se consideram, não vêem como necessária uma posição de combate permanente) a natureza limitada e marcada por significativos conteúdos antidemocráticos, da ordem política e social dominada pelo capital. Não percebem que, sob o predomínio dos monopólios e da lógica do capital, não pode haver pluralismo e democracia efetivas.
11. Entre outras razões, por não levarem na devida conta esse quadro ou por o subestimarem, muitos têm sido os partidos, muitas têm sido as forças políticas, inúmeros têm sido os parlamentares e executivos representantes e eleitos pela luta dos trabalhadores que têm sido “cooptados” por essa institucionalidade – isto é, para uma atitude político-ideológica que começa submetendo a necessidade de adotar uma atitude de conflito permanente com o “status quo” – de combate socialista à ordem que aí está, desde o seu interior mesmo, submetendo a luta “às razões dos movimentos, acordos e manobras exercitados dentro dessa institucionalidade”, acaba, nessa batida, por considerar irracional todo esforço teórico e prático para superar tal “democracia” e suas respectivas instituições. Um pressuposto fundamental desse caminho é a linha de valorização absoluta da atual ordem e de atuação que exclusiviza os limites legais estabelecidos como arena de luta.
12. No plano dessa posição, não é que não haja espaço propriamente para as ações dos movimentos sociais e para as lutas fora da institucionalidade – embora nunca contra ela, que é identificada sempre como “o Estado de direito”. O que prevalece é uma linha em que as ações dos movimentos sociais devem estar subordinadas às “razões da luta institucional”, tomadas como centro articulador das decisões do poder (naturalmente considerado como democrático). Mais do que isso, essas lutas devem passar longe de qualquer visão estratégica que assuma como horizonte a ultrapassagem de tal institucionalidade. Desnecessário destacar, que com diversas variações e nuanças, no quadro atual de defensiva político-ideológica das forças do socialismo, essa é uma visão que, em termos práticos, progressivamente vem ganhando corpo no interior da esquerda brasileira e do PT, em particular.

NA ORDEM E NA CONTRA-ORDEM

13. No terreno estratégico, nossa atitude deve combinar o esforço de desmistificação do “status quo” perante as amplas massas – no que se inclui o próprio parlamento tal como ele existe hoje – com trabalho enérgico pela democratização radical da ordem e da institucionalidade que aí estão. Isto é, ao mesmo tempo em que a ação e a presença dos trabalhadores e do povo na cena política vão evidenciando o quanto essa institucionalidade é substancialmente contrária e estreita ao movimento e aos interesses das maiorias, operamos, desde o seu interior, sempre em combinação com a luta fora dela, para que o povo a ocupe com suas reivindicações, com suas bandeiras e com seus métodos de ação, de tal modo a colaborar para esgarçá-la e, num processo e no momento adequado, superá-la. Ou seja, ação na ordem e na contra-ordem, de tal modo a obtermos ganhos políticos e econômicos e avanços na ocupação de espaços, em termos de consciência das massas populares. Trata-se, assim, de insistirmos na denúncia, no combate à ordem combinado com a apresentação de reivindicações pontuais; mas significa, também e com destaque, luta de projetos políticos globais e parciais. De confronto teórico, político, ideológico, ético (de conduta administrativa e legislativa e de defesa valores) e cultural. De combate lastreado, sempre, na mobilização social. De disputa de hegemonia, enfim.
14. É evidente, também, que vivemos um tempo em que a conquista do poder pelos trabalhadores e o povo não está posta na ordem do dia. Nessas condições, nossa luta, então, inclusive na institucionalidade, deve buscar aproximar as forças operárias, populares e democráticas daquele objetivo (a conquista do poder) e de colaborar para construção das melhores condições para a luta socialista. Nossa atividade, neste marco, deve articular dois grandes movimentos: a) operar para fortalecer a luta por reformas radicais na sociedade e no Estado, em defesa dos interesses materiais e espirituais dos setores explorados e oprimidos, favorecendo a que os “de baixo” conquistem, ocupem e sustentem o máximo de espaços/posições – políticos, sociais, econômicos, culturais, administrativos, militares etc. – minando, simultaneamente, a força dos representantes do capital; b) fazer dos mandatos instrumentos voltados, entre outras coisas, para colaborar para que os trabalhadores e o povo atuem (e tomem consciência disso) cada vez mais como reais protagonistas da história.
15. Assim, enquanto titulares de mandatos na institucionalidade estatal, é necessário que @s noss@s companheir@s busquem se legitimar como referências socialistas e da luta dos segmentos explorados e oprimidos da sociedade. Todavia, tal esforço só terá sentido se ele for concebido no interior de toda uma prática real para afirmar a centralidade da luta social, da independência e da organização dos trabalhadores e do povo – e não o parlamento e não o executivo – para a transformação, para a revolução social e para conquistas sociais e políticas relevantes e efetivamente duradouras.

NA SITUAÇÃO E NA OPOSIÇÃO

16. A par dessas observações gerais, é importante atentar para o período particular em que se vai exercer o mandato parlamentar: se num contexto de oposição, ou se, diferentemente da maioria das situações, as forças populares estarão à frente do executivo correspondente. Nesta última hipótese, configura-se um quadro que abre enormes e novas possibilidades para a luta social, pesadas responsabilidades para as forças democráticas e populares e múltiplos desafios para cada ativista do partido e da base constitutiva deste mandato. É uma hipótese em que cabe ao mandato socialista a responsabilidade de, no parlamento, no partido e na sociedade, buscar construir e defender um programa e um governo comprometidos com a democratização da vida econômica, social e política, mediante uma clara inversão de prioridades em favor dos explorados e oprimidos. Nossa batalha é sempre para que nosso governo se empenhe, mais e mais, em buscar radicalizar a democracia e a participação popular nos assuntos públicos. Movimentamo-nos com uma compreensão de que, embora o executivo não seja um mero aparelho de agitação e propaganda, ele é um ente político; um ente que tem lado na luta de classes e na disputa política na sociedade; não uma simples “máquina” administrativa.
17. De todo modo, como oposição ou como situação, nossos mandatos e nossos parlamentares deverão estar sempre atentos para utilizar o poder de amplificação do parlamento para dar voz aos sem voz, para fazer ecoar o grito de revolta, de dor, de alegria, de festa e de protesto dos explorados e oprimidos – de qualquer parte, de qualquer país. Os nossos mandatos devem se encarar, em termos práticos, como tribunas populares contra toda forma de exploração, exclusão e de opressão. Eles hão de ser espaços de defesa da democracia, da igualdade, de denúncia de toda arbitrariedade, de toda injustiça e das discriminações. Nossos mandatos devem de ser instrumentos de solidariedade e de afirmação de uma prática internacionalista entre os trabalhadores e o povo. O desafio central, enfim, de nossa ação na institucionalidade é operar, desde aí, no combate ao capitalismo e na agitação e propaganda de uma nova ordem, radicalmente democrática, igualitária, fraterna e solidária – uma ordem socialista.

O MANDATO, GABINETE, COLETIVO POLÍTICO

18. A construção de um mandato é um processo contínuo. A sua configuração, assim, deve ser trabalhada com muita abertura e sem qualquer submissão à lógica de “receita pronta”. Como um processo de experimentação e de aproximação dos fins que buscamos e sem pretensões de estabelecer ou dar uma palavra final irremovível. Entretanto, há que se levar em conta, sempre, a história da conquista e a base, digamos, nuclear desse mandato. Para isso algumas perguntas se impõem. Por exemplo: Ele é um mandato de tendência? Ele decorre do esforço de um coletivo mais amplo, embora comporte tendência em seu interior? Ele é originário do esforço de um grupo sem uma identidade definida? Essas e outras alternativas são possíveis nesse esforço multifacetado que pode dar origem a um mandato. Esta contribuição, no entanto, toma como ponto de partida: a) a idéia de que os mandatos resultam, em primeiro lugar, de um esforço coletivo plasmado nessa construção de 20 anos que é o Partido dos Trabalhadores – o que remete para o fato de que os socialistas petistas defendam o caráter partidário (e não a “propriedade” do titular ou de grupos articulados em torno deste) dos mandatos; b) que, no caso de conquista pelo esforço da FS, sem prejuízo do trabalho permanente d@s camaradas militantes e simpatizantes (no que se inclui com destaque o titular, se militante da FS), para que o mandato se exerça de modo articulado à política e aos objetivos de nossa corrente, devamos manter com esse instrumento uma relação de “disputa de hegemonia” – ou seja, sustenta-se aqui que devemos trabalhar sempre nossos mandatos como um espaço comum de ação entre militantes e não militantes da FS.
19. Considerando o acima mencionado, para o bom desempenho das atividades de um mandato em que a FS trabalha para hegemonizar, cabe estabelecer algumas diferenças entre realidades que se interpenetram e se confundem: mandato, gabinete e coletivo . Assim,
estamos denominando Mandato o conjunto de pessoas e instrumentos que se articulam em torno do fazer social, político e institucional relacionados com o direito que conquistamos nas urnas de ocupar uma vaga no parlamento. Assim, integram o mandato todos e todas que ajudaram a conquistá-lo, simpatizam com ele e tem-no como referência para sua participação na vida política ou para interagir com a institucionalidade. Serão considerados integrantes do mandato, também, @s que, embora não tendo colaborado para sua conquista, venham a se engajar em nosso esforço de sustentação e reprodução; tudo isso independentemente de sua vinculação com o PT. Desse modo, estamos tratando da mais ampla das três realidades acima referidas.
diferentemente, quando nos referirmos ao Gabinete estaremos fazendo referência não apenas a um espaço físico, mas ao conjunto que articula assessoria e parlamentar.
Com Coletivo designamos uma realidade política específica: @s integrantes do mandato que se articulem para intervenção política, em especial na vida do PT, mas também nos movimentos sociais. O coletivo é algo que requer um esforço de convergência e definição política maior do que aquele requerido para alguém que limita sua ação política à colaboração com o Mandato e à participação em seus fóruns. O Coletivo relacionado ao mandato é algo que, provavelmente, vai requer uma identidade política determinada e será um espaço onde a tendência deve também disputar hegemonia – assunto para outra contribuição.

O MANDATO E O GABINETE COMO ESPAÇOS PÚBLICOS

20. Ao discutirmos e estabelecermos diretrizes para o mandato e o gabinete, para além de considerarmos a sua explícita vinculação com a luta socialista, não podemos perder de vista uma outra dimensão dessas realidades. Eles precisam ser tratados dentro de uma ótica rigorosamente republicana; qual seja a de que eles são espaços públicos. Isto é, instrumentos para servir ao público e não a “lobbies”, ou grupos de interesse. Por exemplo, eles devem estar a serviço dos movimentos sociais, e não de interesses pessoais de dirigentes ou ativistas.
21. Noutras palavras, ressalvados sempre a ótica socialista e o ponto de vista partidário, o mandato e o gabinete devem ser instrumentos politicamente democráticos, legislativamente competentes e ágeis, bem como devem se dar os meios para atuar conforme as diretrizes definidas pelas seus fóruns decisórios próprios. Isso quer dizer, em última e primeira instância, devem colocar-se a serviço dos interesses da maioria da sociedade.

O MANDATO E O PARTIDO

22. O mandato deve sempre ter em conta que ele não é uma realidade acima do bem e do mal, ele integra o “aparato” político-institucional do Partido dos Trabalhadores. Sem prejuízo de sua fidelidade maior à causa do socialismo e dos trabalhadores, o mandato deve seguir as diretrizes programáticas e políticas do partido. Mas não só isso, ele tem uma posição e um compromisso nítidos: empenhar-se na construção do PT como partido socialista, democrático e de massas. Isto significa colocar sua agenda a serviço da propaganda do programa, das diretrizes e das ações do partido, de articular, reunir e arregimentar novos filiados, de fortalecer as atividades de diretórios e núcleos, bem como de outras instâncias do PT etc. A tal dimensão da construção partidária, articula-se umbilicalmente uma outra: a da disputa de rumos deste partido, na ótica política, ideológica e organizacional que propugnamos. Isto é, não existe construção do PT em geral, mas a construção de um projeto concreto de PT. Nossos representantes na institucionalidade fazem isso de um ponto de vista: lutam por um partido com vida coletiva, com instâncias ativas, com articulação permanente de militantes e filiados, de lideranças públicas e militantes, do mesmo modo que combatem o “Partido de notáveis”, amorfo, submetido aos caprichos e interesses das personalidades e dos detentores de mandato, bem como voltado para implementar o projeto de “americanização” da ação política. Defendemos, enfim, um PT, Socialista, Democrático e de Massas.
23. Ademais, na defesa do PT como partido, nosso mandato e nosso parlamentar empenhar-se-ão para que o Partido preserve e afirme sua autonomia perante os mandatos (sejam eles executivos, sejam legislativos e frente às próprias bancadas de qualquer nível), bem como para que as instâncias dirigentes do partido definam, democraticamente, posição sobre a linha de ação na institucionalidade e sobre os fatos relevantes sob apreciação do parlamento ou do governo.

O MANDATO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS

24. Por seus compromissos com a luta socialista, o mandato tem um inarredável compromisso com o fortalecimento dos movimentos sociais. O parlamentar, o gabinete, as instâncias dirigentes do mandato jamais devem perder de vista que são os movimentos sociais a arena decisiva para os destinos da luta socialista. O mandato tem consciência e deve sempre tratar os movimentos de massas como realidades sociais e políticas que devem ter sua autonomia defendida e respeitada. O mandato pode servir de interlocutor e utilizar-se de suas prerrogativas e autoridade para abrir contatos e portas em favor dos movimentos. Todavia, o nosso mandato não pode se confundir e tampouco aceitar o papel, seja de “office boy”, seja de “pronto socorro” dos movimentos sociais – isto é, um mero “repassador desinteressado” de recursos financeiros e materiais a entidades populares, a que se recorre, de última hora, sem preocupação em discutir projetos e objetivos e a própria autosustentação e autofinanciamento dos movimentos. Ao contrário, ele é parceiro do movimento. Cada vitória dos movimentos sociais, fortalece os mandatos socialistas e, de outro lado, avanços dos socialistas no terreno institucional fortalecem e abrem melhores condições para a mobilização social. Por isso, o nosso parlamentar como integrante do movimento dos trabalhadores no espaço institucional pode ter opiniões sobre o curso da luta e, respeitando sempre o papel e as atribuições que têm as instâncias próprias do movimento, pode discuti-las, por exemplo, com os dirigentes, propor caminhos e alternativas, sem que isso se confunda com tentativas espúrias de impor posições ou de fazer dos movimentos “correia de transmissão” da institucionalidade. Na qualidade de interlocutor e mesmo auxiliar privilegiado na abertura de portas e de diálogo com instâncias estatais ou com patrões, o nosso parlamentar obedece escrupulosamente o princípio de que o ator da negociação e da ação política são os representantes dos movimentos, sendo o parlamentar um importante – mas, ainda assim – simples apoio.
25. Em acréscimo, cabe assinalar que, como socialistas, o nosso parlamentar e o nosso mandato devem buscar sempre favorecer a que ecoe no parlamento e na institucionalidade as demandas, as pressões e as lutas empreendidas pelos movimentos sociais.

O MANDATO SITUACIONISTA

26. Se o PT ou uma coligação que envolva o PT está no governo, nosso mandato integra a base de sustentação parlamentar do governo democrático e popular. Essa é uma atribuição de grave responsabilidade política. Cabe ao nosso parlamentar nesse trabalho zelar pela: 1) afirmação do Legislativo como um poder independente; 2) sua prerrogativa de sujeito ativo na formulação e implementação das políticas públicas emanadas do nosso governo; eis porque ele deve se pautar pela defesa de que a bancada do PT participe intensamente das propostas e atos que terá o encargo de defender no parlamento e na sociedade. Noutras palavras, nosso parlamentar tem o dever partidário e de solidariedade para com o projeto democrático e popular, bem como de defesa do governo encabeçado por nosso partido, mas, igualmente, não pode se reduzir a mero “despachante” dos interesses e das “razões de governo”. Isto quer dizer, que, em tal situação, nosso parlamentar exigirá sempre do executivo uma relação de parceria, de um ator que trabalha efetivamente para envolver e escutar o outro na formulação de propostas e no encaminhamento das medidas. Ou seja, defenderá que a bancada e os parlamentares petistas se habilitem e se qualifiquem como elementos ativos, ouvidos e participantes na política e na ação governamentais, não meros “encaminhadores” de decisões adotadas na esfera do executivo.
27. Em sentido diferente, mas no quadro de um mandato situacionista, o nosso parlamentar tem legitimidade para discutir demandas sociais e, eventualmente, na medida dessa sua legitimidade, operar como interlocutor para que setores sociais apresentem democrática e transparentemente seus pleitos e reivindicações aos fóruns governamentais. Entretanto, o nosso parlamentar e o nosso mandato devem ter ciência da delicadeza e do tênue limite a separar a defesa de uma demanda social legítima (que devemos sempre apoiar) de uma ação de “lobby” a serviço de interesses particularistas e, muitas vezes, pouco claros (da qual devemos sempre nos distanciar).
28. Como defensores de um PT Socialista, democrático e de massas, nosso parlamentar e nosso mandato atuam para que o PT seja partido de fato. Não um aglomerado de individualidades desencontradas. Nessa medida defenderemos: 1) que os parlamentares do PT atuem como um corpo política e unitariamente articulado; como uma bancada; 2) reuniões regulares e periódicas dos parlamentares do partido para discutir e, democraticamente, tirar posição e encaminhamento sobre os assuntos pertinentes à ação parlamentar na esfera correspondente; 3) que, por isso, a bancada disponha de instrumentos comuns (assessorias coletivas, publicações etc.).

UM MANDATO COLETIVO

29. Um dos elementos que distinguem a prática de um socialista na institucionalidade é a sua relação com a população. Um socialista encara em termos práticos sua ação e os espaços que ocupa como conquistas da luta. A posição que ocupa, não é a “sua” posição. Eis porque nossos mandatos, desde o período da campanha, devam assumir um inequívoco compromisso de serem “mandatos coletivos”. Isso não é um expediente eleitoral. É uma diretriz que traduz a nossa vontade, a nossa disposição prática, de realçar o decisivo papel da ação popular, coletiva, como elemento propulsor das transformações sociais.
30. Um mandato coletivo quer dizer e deve materializar-se num permanente esforço prático de abrir-se e incorporar o povo em suas ações, especialmente para aqueles segmentos e pessoas que ajudaram a conquistá-lo e/ou ajudam a fazê-lo no dia-a-dia. Isso quer dizer, abrir-se permanentemente para coletar sugestões, recolher críticas, correções de rumo e enriquecer-se. Isto se faz através do esforço para tornar prática cotidiana o funcionamento regular, coletivo e democrático de suas instâncias de decisão. Isso requer, ademais, formas regulares de comunicação com a base de sustentação, o que envolve, em particular, o dever de se aparelhar de publicações próprias (boletins, separatas, circulares, panfletos e outros) e de utilização dos recursos da comunicação eletrônica etc. Isso quer dizer que nosso mandato se empenha permanentemente para forjar cidadãos e recusa a relação de “clientela” com o povo (tratando esta última como desvio antisocialista e antidemocrático a ser denunciado).
31. Para exercitar-se nessa direção, defendemos: nosso mandato não deve se fechar em estruturas rígidas, suas instâncias devem ter competências definidas, a seus membros devem ser atribuídas tarefas nítidas, mas elas devem ter um funcionamento sempre aberto a quem formalmente não as integre. Neste sentido, propomos, como uma primeira experimentação, que funcionemos com os seguintes fóruns:
como instância máxima, a Plenária, que poderia instalar-se, ordinariamente, num período julgado adequado (trimestral, semestral, anual). Será sempre da plenária as definições das grandes diretrizes e decisões políticas do mandato. A ela cabe, também, além de recolher a prestação de contas da coordenação e do gabinete, oferecer sugestões, fazer correções de rumo e aprovar o corpo de assessores do mandato etc. Mas, importa chamar atenção que as plenárias de instrumentos democráticos e vivos podem tornar-se espaços autoritários e inúteis, seja em termos de educação e aglutinação real do povo, seja em termos do cumprimento dos objetivos de direção do mandato. Ou seja, é fundamental que as plenárias sejam minuciosamente preparadas, rigorosamente convocadas, que as pautas sejam cuidadosamente dimensionadas no tempo e no espaço, que o gabinete e a coordenação do mandato tenham bem claro os objetivos que a plenária deve cumprir, que tenham propostas mínimas a serem submetidas à apreciação do coletivo e que, sobretudo, tenham claro: as plenárias são espaços de deliberação, não “parlamentos” de tendência, ou de aprofundamento de posição. Isto é, se o assunto em pauta requer uma apreciação aprofundada, se ele é polêmico, a direção do mandato tem dois deveres inarredáveis: 1) cuidar para que haja espaços prévios no mandato para o debate racional e civilizado das posições – realização de ciclos de debates e de estudo, por exemplo; 2) zelar para que as divergências sejam politizadas, sejam orientadas pelo conteúdo e não descambem para sectarização e para manipulação. Em suma, as plenárias são espaços propícios à deliberação, não ao aprofundamento de posições. Isso significa também que, admitido o seu inequívoco papel deliberativo, devemos investir na sua construção prévia, informando o mais ampla e detidamente possível as diversas variáveis dos temas que estarão em deliberação, construindo posições. Por outro lado, finalmente, nesses fóruns devemos privilegiar as decisões por consenso e/ou a construção de expressivas maiorias nas questões centrais.

como instância intermediária, a Coordenação ( ou um Conselho Político, conforme se queira), que reunir-se-ia, ordinariamente, uma vez a cada trinta dias (ou outro prazo julgado adequado) e teria como papel representar (prestando-lhe conta) à plenária, entre uma reunião e outra. Ela teria como principais tarefas: propor ações políticas e projetos ao mandato, desdobrar as deliberações da plenária, adotar as providências para que as plenárias tenham sempre pautas claramente definidas e alternativas de deliberação nitidamente articuladas etc. A coordenação é também uma instância de recurso e de auxílio do gabinete para decisões urgentes;

como instância encarregada de tocar o dia-a-dia e coração do mandato, teríamos o Gabinete, que seria constituído do parlamentar e da assessoria. Seria essa instância encarregada de detalhar e implementar a linha e as diretrizes emanadas da Plenária e da Coordenação. Ele deveria reunir-se ordinariamente, ao menos uma vez por semana.

Além dessas instâncias, o mandato poderia dispor de fóruns auxiliares – transitórios e/ou permanentes – para realizar tarefas de aprofundamento e de estudo de diversos assuntos e temas de interesse do mandato, oferecendo-lhes propostas e alternativas. Esses fóruns poderiam tomar o nome de Grupos Temáticos, ou Comissões, encarregadas de propor políticas e encaminhamentos ao mandato em áreas específicas. Por exemplo, saúde, finanças, administração, assistência social, educação etc.

PRIORIDADES DO MANDATO

32. A ação de um mandato parlamentar é uma atividade, além de coletiva, complexa. Ela interage e, em tese, pode abranger todas as áreas do Estado, na esfera correspondente (federal, estadual ou municipal). Mas, por sua própria natureza, ele é também um instrumento “precário” face as inúmeras demandas que lhe são suscitadas. Isso quer dizer, que para ser minimamente eficaz, ele não pode renunciar a priori de intervir, de formular propostas e projetos para nenhuma dessas áreas. Tampouco ele pode pretender dar conta de tudo. Impõe-se, pois, que sejam estabelecidas por quem de direito (no nosso caso, a plenária) aquelas áreas onde o mandato deve concentrar mais atenção. Essas áreas são as prioridades. E prioridade, como sabemos, não se confunde com (e nem é) exclusividade.
33. No nosso caso, tal definição deve ser encarada, também, como algo bastante experimental a ser consolidado com a própria prática do mandato. O nosso ponto de partida para isso, são a trajetória do nosso parlamentar e as características dos segmentos mais significativos da base constitutiva do mandato.

ALGUNS PONTOS SOBRE A ASSESSORIA E O GABINETE

34. Aqui é indispensável retomarmos aspectos já levantados anteriormente. Em primeiro lugar, sobre o caráter público do gabinete e de sua atividade. Ou seja, o gabinete deve ser montado levando em conta suas finalidades, não as conveniências de amizade, parentesco, interesses corporativos etc. Em segundo lugar, cabe destacar que o gabinete, por ser orientado por objetivos e princípios socialistas, por priorizar as relações de horizontalidade, por negar as hierarquizações burocráticas, nem de longe pode ser confundido com uma entidade que deva funcionar sem organização, sem definição de tarefas, sem diretrizes, sem metas a serem cumpridas e sem coordenação. Cabe, assim, em terceiro lugar, retomar a idéia de que o gabinete deve ser um instrumento política e legislativamente ágil e eficaz, bem como tecnicamente preparado para responder as demandas e as promessas que fizemos, bem como às esperanças que despertamos. Isso remete à exigência de que @s assessores sejam dedicados ao trabalho, estudiosos, cumpridores das tarefas definidas, pré-dispostos a aprendizagem dos novos temas constantemente colocados pelo mandato, indignados ante à opressão, à injustiça e à exploração, bem como a de exercitar ativamente a prática da solidariedade com as lutas, as alegrias e as dores dos trabalhadores e do povo.
35. Assim, sem perder de vista que ele não é uma entidade que deva ser conduzida sob métodos “tayloristas-fordistas” ou “toyotistas”, o gabinete deve ter horários certos e públicos de funcionamento e deve estar habilitado para atender adequadamente à cidadania que o procura. Em particular, os assessores – sem abdicar da flexibilidade de funcionamento e da própria especificidade da ação política – devem ter horário de presença (ou não) no gabinete conhecidos do conjunto do mandato. O parlamentar e/ou o coordenador do Gabinete não são “feitores”, mas devem se habilitar a coordenar e controlar a execução de tarefas e o cumprimento de metas.
36. Nesse marco, a definição da assessoria deve considerar, entre outros aspectos, critérios como habilidade técnica (o que não quer dizer experiência prévia, mas disposição e capacidade de aprender tarefas), legitimidade no interior do mandato, capacidade política, compromisso com o projeto (político e ideológico) do mandato etc. Por outro lado, considerando os elementos acima, cabe assinalar que assessoria deve ser organizada para colaborar no cumprimento dos objetivos políticos gerais do mandato, assim como não cabe reduzir-se a um somatório de indicações de movimentos ou grupos setoriais. Sem dúvida, as definições de prioridade interferem na definição de assessores, mas isso deve ser considerada apenas uma das diversas variáveis. Uma coisa é importante que nossos mandatos conquistem: a definição da assessoria, ademais, da sua escolha em plenária, deve resultar do consenso construído entre os seus edificadores. Finalmente, impõe-se uma cautela-aviso adicional: por mais trabalhosa que seja a definição de um@ assessor@, isso tenderá a ser sempre menos traumático do que a decisão por afastá-l@ do gabinete.
37. Na definição da assessoria, é bom que fique nítido, desde o início, uma questão: não há no gabinete tarefas “burocráticas”, no sentido de que seriam, digamos, “higienizadas” de conteúdo político (atividade superior, reservada a alguns/algumas). Não. Todas as tarefas supõem, em primeiro lugar, confiança política. Em segundo lugar, o fato de que implicam interação com o povo. Isso significa em cada contato que se faz estar-se-á fixando perante o “outro” uma imagem: dedicação ou “indiferença” face o interesse público; interesse ou distanciamento frente os dilemas políticos, sociais e humanos que são levados ao gabinete; atenção, diligência ou descaso frente as solicitações que são levadas ao mandato; combatividade, solidariedade ou indiferença ou cinismo frente as injustiças sociais e humanas que a todo instante batem na cara do mandato etc., etc.
38. Além disso, ao corpo de assessores vai se impondo no dia-a-dia, além do envolvimento com os assuntos do mandato, uma outra exigência: a necessidade de se informar (o mandato deve se esforçar para manter a assinatura das principais publicações da cidade, do estado e do país) sobre a realidade político-social, exigindo, em especial, dos assessores com maior responsabilidade esforço permanente de estudo e acompanhamento constante das matérias e temas em tramitação no parlamento.

SOBRE O PARLAMENTAR

39. Obviamente, o bom desempenho de um mandato socialista depende em grande medida da ação e da conduta d@ parlamentar. É ele/ela que é chamad@ a pronunciar-se sobre os mais variados fatos: na tribuna parlamentar, na mídia, nas entidades populares etc. É a ele/ela que se dirigem diretamente a maioria das demandas coletivas e individuais, bem das reclamações e insatisfações justificadas e injustificadas do público. É ele/ela que tem a responsabilidade pessoal de encarnar a defesa dos interesses populares de que é representante. É ele/ela que tem o dever de liderar, no âmbito da institucionalidade, o combate contra o capital e sua ordem, bem como o de encaminhar a agitação e a propaganda do socialismo. É ele/ela, enfim, que tem o dever de comandar o mandato. Isso requer, em especial, conduta ética compatível com o ideário socialista que defendemos, profunda lealdade e fidelidade para com interesses do proletariado e da nação e firmeza, coragem, habilidade e serenidade para enfrentar as classes dominantes em seu (delas) terreno.
40. Ora, considerando que o exercício mesmo do mandato, suscita múltiplas demandas, uma questão que se coloca ao/à parlamentar pessoalmente com grande premência é a disciplina rígida e um intenso esforço de organização do seu tempo. Em segundo lugar, do primeiro aspecto deriva necessidade de um gerenciamento muito bem calibrado do ponto de vista político da agenda. Em terceiro lugar, coloca-se ao/à parlamentar exercitar permanentemente todo o seu senso de humildade: para entender as demandas que lhe são apresentadas, para lidar com os integrantes do mandato, com o público em geral e com a assessoria. @ parlamentar não é um ser pré-programado que já sabe tudo e domina todo o seu ofício; muito ao contrário, aí também se lhe exige o exercício de profunda humildade e seriedade, posto que está a todo momento em contato com novas informações e com a exigência de conhecimento de novas questões. Por isso, em quarto lugar, ele/ela precisa dedicar especial atenção à sua auto-preparação para intervir nas sessões legislativas, nas comissões, no plenário, ou para falar com a mídia, com os movimentos sociais e com a sociedade em geral. Isso quer dizer, estudo dos mais variados textos, diálogo com técnicos, especialistas e assessores etc. Mais: isso quer dizer, incontornavelmente, leitura diária e atenta dos principais jornais do país. A autopreparação d@ parlamentar a que nos referimos aqui passa, entre outras coisas, pelo domínio das principais resoluções programáticas e regimentais do partido, pelo esforço pessoal e sistemático para adquirir progressivo conhecimento e domínio, especialmente (ou melhor, indispensavelmente) dos clássicos do pensamento revolucionário e de esquerda etc.
41. Como titular do mandato, @ parlamentar não pode também se descuidar de acompanhar o funcionamento do gabinete no sentido de verificar se as tarefas estão sendo executadas, se as diretrizes e metas definidas nos diversos fóruns estão sendo cumpridas, se o corpo de assessores se comporta em conformidade com os requisitos éticos e políticos do nosso projeto etc.

A TENDÊNCIA E O MANDATO

42. A preponderância da posição defendida neste texto (a de que o mandato deve ser de um coletivo constituído de todos e todas que colaboraram e colaboram na sua conquista e na sua manutenção – espaço no qual a FS disputa hegemonia permanentemente) requer uma atitude muito nítida. Uma atitude de enorme responsabilidade, disciplina, unidade e compromisso do conjunto d@s camaradas militantes de nossa corrente para que o mandato se exerça conforme os objetivos políticos e segundo a linha política e programática da FS. Tal responsabilidade recai com destaque: 1) sobre a Coordenação que corresponda a abrangência do mandato ; 2) sobre @ parlamentar assessores/as; 3) sobre @s demais militantes da FS.
43. Isso significa que a Coordenação Municipal, estadual ou nacional da FS (conforme seja o caso) deve funcionar de modo a definir, com tempestividade, as diretrizes políticas a serem defendidas e encaminhadas nas instâncias do mandato. Em segundo lugar, que @ parlamentar e @s assessores/as militantes da corrente são os guardiões principais da linha política e das diretrizes políticas e programáticas da FS, no espaço do mandato. Em terceiro lugar, cada militante em particular deve inserir em seu fazer diário em sua respectiva frente social de intervenção a seguinte indagação básica: “como meu ato pode vincular-se a ação institucional”? Dessa pergunta deriva outras de caráter mais prático: por exemplo: é necessário articular o gabinete? Como? Isso implica ou não a presença de alguém do gabinete? etc. Do ponto de vista d@s militantes que, em conjunto com @ parlamentar, integrem o gabinete, é fundamental disciplina não apenas para garantir a política do mandato, mas para que as ações do gabinete decorram sempre de decisões coletivas. O que, portanto, requer empenho e disciplina para que o gabinete tenha reuniões com periodicidade regular.
44. Por o último, mas não menos importante, caberia sublinhar algumas indicações sobre a importância dos mandatos na construção de nossa própria corrente. Sem a pretensão de esgotar o tema, vejamos alguns aspectos relevantes: 1) é notório que, em especial o titular, mas, também, @s militantes que têm como frente de ação principal o espaço do mandato têm um importante papel na legitimação ampliada das posições petistas e da nossa inflexão específica, amplificando as possibilidades de diálogo e disputa das nossas posições na sociedade; 2) como construtor e na própria disputa de rumos do PT, mas também como parceiro dos movimentos sociais, o mandato abre amplo espaço – disso a respectiva Coordenação, o parlamentar e @s camaradas militantes no interior do mandato devem tirar uma linha específica de capitalização e abordagem – para construção e ampliação da área de influência da tendência, potencializando as possibilidades de recrutamento para a FS; 3) pelos contatos que abre, o mandato amplia as possibilidades de uso de espaços físicos e equipamentos diversos para atividades dos movimentos sociais, mas também para as ações da tendência; 4) pela renda regular que propicia, o parlamentar e @s camaradas militantes da FS, compreendendo sempre o caráter coletivo da conquista do mandato, têm um dever político e ético central na sustentação material da tendência, especialmente através do escrupuloso cumprimento das diretrizes de contribuição financeira em vigor entre nós.

São Paulo, novembro de 2.000
A FAMÍLIA, A IGREJA, A ESCOLA E O ESTADO: INSTITUIÇÕES QUE CONSTRÓEM E ALIMENTAM A VIOLÊNCIA CONTRA GLBTS.
QUAL NOSSA RESPONSABILIDADE COMO EDUCADORES E EDUCADORAS?

Vivemos num mundo onde precisamos nos esconder para amar...Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia”
Jonh Lennon

Desconstruir preconceitos não é tarefa fácil. Afinal para que possamos trilhar este caminho é preciso uma boa dose de amadurecimento pessoal e desconstrução dos preconceitos que ao longo de nossa existência absorvemos e sobre suas bases nos construímos.
As instituições estabelecidas nesta sociedade têm a responsabilidade de nos moldar na sociedade em que vivemos e elas são responsáveis pelos conceitos, valores e preconceitos que absorvemos em nossa construção de ser social. Quem entra na fôrma que é o modelo preestabelecido para cada sociedade é bem-vindo, está incluído, quem não consegue entrar na tal forma, está fora, marginalizado, alvo de piadas e chacotas, de violências emocionais e físicas, é excluído.
A Família, a Igreja, a Escola, que são instituições constitutivas do Estado (Gramsci), têm sobre si a responsabilidade de moldar a sociedade segundo os parâmetros pré-estabelecidos por determinada sociedade.
Mudar estes valores não é tarefa rápida, tampouco fácil, pois eles estão entrelaçados em valores considerados inquestionáveis, como a autoridade do pai, e de Deus (os líderes religiosos alegam falar em nome Dele). As famílias são orientadas por esses valores, pois bebem na fonte das religiões que tratam a homossexualidade como “aberração”. O Estado em seu sentido ampliado, que desde a Proclamação da República deveria ser laico, ainda está acorrentado às instituições religiosas que têm hoje uma bancada no legislativo que cresce assustadoramente, para além de receber assessoria daqueles que não são permitidos candidatar-se como é o caso da igreja católica.
Historicamente, a Igreja foi uma das instituições que, a partir de sua concepção e valores, estabeleceu qual fôrma era a correta para moldar a humanidade.
Na Idade Média, por exemplo, homossexuais homens e mulheres foram queimados nas fogueiras da Santa Inquisição acusados de bruxaria.
Hoje, no período em que o projeto que transforma a homofobia em crime, renumerado como PLC 122/06 aguardando a análise do Senado, evangélicos e católicos unem-se para evitar aprovação da proposta que torna crime a discriminação contra homossexuais. A eles, não importa o número de pessoas que morrem por puro preconceito (apenas em 2006, 88 homossexuais foram mortos em crimes motivados principalmente pela homofobia), dados da ABGLT. A estes religiosos não importa o sofrimento causado pela discriminação, os casos de suicídio causado pela exclusão.

O que Homofobia?
A homofobia tem sido usada como expressão que define o ódio, o preconceito que parcela significativa da sociedade nutrem contra os homossexuais. Estudiosos avaliam que aqueles que abrigam em sua mente esta fobia ainda não definiram completamente sua identidade sexual podendo transferir para reações de discriminações aos homossexuais, mesmo que de forma inconsciente.
O termo homofobia foi empregado inicialmente em 1971, pelo psicólogo George Weinberg. Palavra, de origem grega, que hoje é tida como uma das questões enraizada ao racismo e a todo tipo de preconceito.

Que luta está sendo travada hoje no parlamento?
O Legislativo brasileiro, considerado o mais conservador dos três poderes, nunca dispôs sobre políticas para a população homossexual – estimada em 10% dos 180 milhões de brasileiros, conforme estimativas da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Travestis (AGLBT).
A bancada religiosa dentro do legislativo, composta por 187 deputados e 28 senadores e ligados a grupos religiosos, trabalha pela rejeição de uma série de propostas: desde a que legaliza a união civil entre pessoas do mesmo sexo, passando pela que criminaliza a homofobia e a que autoriza os transexuais a mudarem o pré-nome nos documentos civis, até mesmo a que estabelece, oficialmente, a data de 28 de junho como Dia Nacional do Orgulho Gay.
O Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Família, o bispo evangélico Rodovalho (DEM-DF), por exemplo, defende contra os projetos, alegando que tais leis farão com que um “desajuste” seja tratado como normal.

Mais grave ainda é a justificativa desses políticos alegando que não defendem a discriminação, mas que não admitem que o Estado “sacramente” a homossexualidade, vista pela igreja como um “pecado” e um “desajuste”.
Já o assessor da Comissão de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), frei Antônio Moser, coloca: “Esses projetos são coisa de quem não tem o que fazer”.
O que mais assusta é que para garantirem a intolerância religiosa e o conservadorismo destes grupos vale tudo, inclusive lançar mão de um conceito universal como o direito a liberdade para embasarem suas atitudes.
O Bispo Crivella, por exemplo, alega que o projeto – que estabelece a pena de até cinco anos de prisão para quem for condenado por preconceito contra homossexuais – atenta contra a liberdade religiosa dos cristãos. Com a aprovação, afirma o bispo, todos ficariam impedidos de condenar a homossexualidade, inclusive os sacerdotes em cultos religiosos.
É importante dizer que desde a Constituição Federal que diz que “todos são iguais perante o Estado”, passando por leis internacionais que o Brasil ratifica como as Convenções da OIT, e da ONU, os grupos considerados “minoritários” têm garantido seus direitos que acabam se chocam de forma radical com a intolerância e fundamentalismo religioso.



Qual o papel da escola nesta questão?
Portanto, se as condições históricas criaram os horrores da perseguição, morte e sofrimento por diferenciados fatores da população homossexual, em pleno século 21, achamos que é chegada a hora de debatermos esta questão com a sociedade em geral e em especial com as educadoras e os educadores deste mundo a luz dos direitos humanos, e daqueles valores que são fundamentais para uma coexistência harmoniosa em qualquer sociedade: o respeito, a consciência, o direito a múltiplos olhares sobre uma dada realidade e o reconhecimento da dignidade da pessoa humana.
Cabe à educação buscar todas as informações sobre tal debate a fim de garantir a ampliação dessa luta, pois acreditamos que todas as lutas devem ser tratadas pelo conjunto da sociedade que se reivindica transformadora, iqualitária, e defensora dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Cabe, portanto à educação sob a luz dos direitos humanos e da liberdade assegurada na Constituição Federal, garantir que as alunas e os alunos, as/os profissionais da educação pertencente ao grupo GLBT, tenham um ambiente seguro e saudável para que todos e todas possam ter assegurado seus direitos básicos no exercício da cidadania e do desenvolvimento humano, garantindo assim, a construção de uma sociedade de novo tipo: Inclusiva e não homofóbica.

Marize de Oliveira Pinto (Secretaria de Gênero, Anti-racismo e Orientação Sexual do SEPE/Caxias).
Gesa Linhares Corrêa- Diretora do SEPE/RJ e Da Regional 1 (Secretaria de Assuntos Educacionais)