terça-feira, 19 de agosto de 2008

Entrevista Chico Alencar no RJTV

RJTV - Um documento dos compromissos de sua coligação fala em apoiar a luta dos que não tem terra e não tem teto. O P-SOL defende o Movimento dos Sem Terra (MST). O senhor é a favor de invasões de terra e de prédios públicos por esses grupos?

Chico Alencar – Não. Nós defendemos o movimento social, o clamor do povo pelos seus direitos elementares: a terra e a moradia. Nós defendemos, por exemplo, em uma cidade como o Rio de Janeiro, um programa de habitação popular. É absurdo que, nos últimos anos, nós não tenhamos tido essa iniciativa do governo e da prefeitura. Nós precisamos de, pelo menos, 100 mil moradias populares. E há terrenos baldios, ociosos e imóveis fechados - mais de 5 mil no Centro -, que exigem essa iniciativa.

Por falta de moradias, no caso de uma favela que está surgindo, qual é a sua atitude? O senhor remove as pessoas ou o senhor deixa as pessoas lá e, depois, urbaniza a favela?
A favela é uma solução, em geral, de má qualidade para um problema crônico que é o da falta de habitação popular. Os governos, sucessivamente, ao longo das décadas, têm sido omissos quanto a isso. Por isso, a gente tem esses problemas que são, essencialmente, problemas sociais.

Mas remove ou deixa uma favela que está começando a surgir?

Não. Se a favela não estiver em uma área de risco ou de proteção ambiental, é claro que vamos estudar a condição do terreno de habitabilidade. Ou você oferece uma alternativa concreta e efetiva para os que precisam de um teto, porque não ter onde morar é terrível, ou você tem que se adaptar àquela realidade. Às vezes, é o povo que pressiona a autoridade a agir.

O senhor defende uma maior participação da população nas decisões da prefeitura. Como seria esse tipo de ação e que atitudes e questões seriam submetidas aos cidadãos?

A manutenção da cidade no dia-a-dia em relação à luz, à pavimentação, aguarda a orientação cidadã em cada região administrativa. E são 33 regiões administrativas. Nós queremos um conselho popular com o povo participando, podendo reclamar não apenas pelo telefone, ou com alguém, sem ter resultado, mas participando e cobrando. Nós queremos um governo pressionado. Isso é fundamental.

Vamos falar de saúde. O senhor disse que vai abrir emergências 24 horas em postos de saúde nas áreas mais pobres. Por onde o senhor começa e, ao fim do primeiro ano, quantas estariam funcionando?

Nós pretendemos começar pela Zona Oeste, pelas áreas próximas, inclusive, a comunidades faveladas, onde a demanda é muito maior. Nós entendemos que as 175 unidades de saúde do Rio de Janeiro, que é uma cobertura concreta ampla, precisam estar sempre preparadas para o atendimento emergencial. Inclusive, não adianta ter emergências sem equipamentos, pessoal e recursos.

Hoje, só cinco postos funcionam 24 horas e esses cinco custam três vezes mais para manutenção do que em um posto comum. Quantos postos seriam e quantos o senhor pode abrir?

Nós pretendemos, a cada ano, abrir mais 10 postos pelo menos. E mais: subir a verba da saúde dos atuais 16% para 20%. E os recursos vão sair de onde? O gabinete do prefeito, por exemplo, tem 9% de recursos. Eu entendo que saúde pública é mais importante do que recursos ao bel prazer do prefeito.

Na educação, o senhor disse que quer menos alunos por turma, pois as turmas estão cheias. Serão necessários mais professores e mais escolas. Quantas escolas seriam e quanto vai custar um projeto desses?

É a minha paixão. Um prefeito-professor sabe que os recursos para a educação têm que ser integralmente aplicados. São 25% da verba. Nós estamos questionando na Justiça Federal esses recursos. Eles não têm vindo nessa quantidade. Nós queremos discutir, inclusive, um plano de carreiras com o pessoal da educação e acabar com a aprovação automática.

E quantas escolas vocês pretendem abrir?

Nós temos 1.061 escolas. Pretendemos abrir 300 escolas por ano, reduzir as turmas e ampliar o horário dentro da escola.

É muita escola. Tem que ter muito orçamento.

Tem que ter muita prioridade.

Vamos falar de segurança. A segurança é uma atribuição do estado, mas o senhor poderia dizer de que maneira o prefeito pode ajudar a combater a violência?

Como braço social. Violência não é só caso de polícias. É caso de política de creche, de cultura e de oportunidade para o jovem, que, muitas vezes, está no limiar da criminalidade por falta de chance. O prefeito tem que participar do gabinete integrado de segurança pública, com o Plano Nacional de Segurança com Cidadania e com o governo do estado. Aí, vamos evitar essa mortandade: polícia que mais mata, polícia que mais morre e segurança que não aparece.

fonte : http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL728405-9099,00-AS+PROPOSTAS+DOS+CANDIDATOS+PARA+O+RIO+CHICO+ALENCAR+PSOL.html

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